domingo, 13 de julho de 2008

GRUPECJ tem projeto aprovado pelo PIBIC/CNPq

O projeto de pesquisa sobre o Corpo no Jornalismo Impresso, nova pesquisa do grupo, acaba de ser aprovado no Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Os bolsistas do projeto são os estudantes Tacineide Mesquita e Icáro Allande Albuquerque da Silva.

O CNPq oferece várias modalidades de bolsas aos alunos do ensino médio, graduação, pós-graduação, recém-doutores e pesquisadores já experientes. As bolsas são divididas em duas categorias principais: bolsas individuais no país e no exterior, e bolsas por quota.

Já o PIBIC consiste em um Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica que tem como objetivo despertar vocação científica e incentivar novos talentos potenciais entre estudantes de graduação, contribuir para reduzir o tempo médio de titulação de mestres e doutores, propiciar à instituição um instrumento de formulação de política de iniciação à pesquisa para alunos de graduação, estimular uma maior articulação entre a graduação e pós-graduação, estimular pesquisadores produtivos a envolverem alunos de graduação nas atividades científica, tecnológica e artística-cultural.

Além de proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa, bem como estimular o desenvolvimento do pensar cientificamente e da criatividade, decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa. Confira os selecionados através do link: http://www.prpg.ufpb.br/prpg/admin/arq/37/PIBIC_PIBITI_PROCESSO_SELETIVO_2008_2009_RESULTADO_FINAL.pdf

terça-feira, 1 de julho de 2008

Nova pesquisa do Grupecj - O Corpo e a anatomia impressa

O corpo e a anatomia impressa.
(apresentação do corpo humano nos jornais de João Pessoa - PB)

Orientador: Prof. Dr. Wellington Pereira.

Introdução:

Este projeto de pesquisa tem como objetivo estudar a apresentação dos corpos humanos no jornalismo impresso. Nesse sentido, buscamos trazer referências aos leitores para que eles possam entender como o corpo humano sofre transformações estético-lingüísticas quando é utilizado para ratificar as categorias e os gêneros jornalísticos.

Ao discutir a construção social do corpo, através das diversas pistas interdisciplinares, precisamos entender como a mídia, especificamente o jornal impresso, reconstrói a apresentação dos corpos humanos em função da apreensão factual e da “anatomia” da linguagem dos jornais.
Em nossa proposta de estudos, vamos procurar demonstrar quais são os “enquadramentos” editorias que submetem o corpo humano ao processo informativo, e em que momento os corpos perde ou ganha mobilidades capazes de demonstrar a autonomia “corporal” dos personagens das notícias ou reportagens impressas em relação às regras discursivas do campo jornalístico.

Portanto, a pesquisa tem o compromisso de estabelecer pistas epistemológicas para se entender como o corpo humano aparece nos principais jornais de João Pessoa: O Norte, Correio da Paraíba.

Justificativa:


Estudar a apresentação dos corpos nos jornais impressos é de suma importância, pois se trata de uma leitura interdisciplinar sobre as formas de construções das realidades linguageiras no campo da mídia.

Os mais diversos estudos sobre o corpo têm demonstrado as transformações corpóreas que aponta para a investigação da sexualidade, da política, e da religiosidade. Todos esses campos apontam para os constrangimentos sofridos pelo corpo, a partir das determinações sócio-culturais de como se vestir, se alimentar, fazer sexo e vender produtos utilizando corpos.

A importância do nosso estudo enfatiza uma questão pouco discutida nos estudos do jornalismo impresso: a utilização do corpo humano como signo referencial e ilustrativo da informação jornalística. Ou seja, demonstrar qual o papel do corpo na “legitimação” das informações impressas.

Construção do Objeto:

O nosso objeto de estudo é a apresentação do corpo humano como elemento das narrativas jornalísticas. A problematização se efetiva com as possibilidades de anulação dos movimentos corporais, a partir do enquadramento editorial de imagens, pela utilização da linguagem verbal como “ferramenta” descritiva dos corpos que aparecem nas fotos dos textos informativos.

As investigações sobre este “corpo no jornalismo impresso” devem obedecer a três níveis de análise: 1) corpo-aparência; 2) corpo-movimento; corpo-fático.

O corpo-aparência é o que representa as relações presenciais do próprio evento. Ele serve como ilustração dos eventos. Mas pode, no caso das cerimônias oficiais, o corpo mutilado pelo discurso verbal como as legendas: períodos escritos para reduzir a polissemia das imagens no jornalismo impresso.

Podemos afirmar que o corpo-aparência na edição dos jornais é teleológico, pois relaciona os fatos às causas finais, procurando legitimar argumentos. Em relação ao corpo-movimento, os problemas a serem verificados, do ponto de vista analítico, são mais agudos. Porque corpos em movimento que dizer ação. E isso significa demonstrar como os corpos humanos pontuam as relações causais que determinam gestos, palavras e jogos simbólicos.

Ao estudar a representação do corpo-movimento no jornalismo impresso, vamos procurar entender como este pode ser entendido como “sujeito semiótico”- aquele que coloca em circulação as varia expressões - das mobilidades sociais.

O corpo-movimento é aquele que revela as imbricações estéticas das manifestações públicas, materializadas nos rituais de protestos, nas festas populares, nos exercícios lúdicos da vida cotidiana.

Como terceiro problema de nossa análise, surge o reconhecimento do corpo-fático – ligado à função fática da linguagem – que serve como canal para a transmissão de informação, mas antes se apresenta como eficaz meio para a venda de bens duráveis de consumo, planos de saúde, apartamentos, lazer e eficiência profissional.
Objetivos:

Objetivo Geral:
- O principal objetivo de nossa pesquisa é estudar como os corpos humanos aparecem nas narrativas do jornalismo impresso.

Objetivos específicos:
- Verificar a relação entre a apresentação dos corpos humanos e o aspecto referencial da linguagem do jornalismo informativo.
- Identificar como as técnicas do fotojornalismo criam novas dimensões corpóreas para os personagens das notícias e reportagens.
- Analisar qual o modelo de corpo predominante no processo enunciativo do jornalismo impresso.

Metodologia:

Do ponto de vista metodológico, vamos dividir os métodos em dois níveis: 1) métodos de abordagem; 2) métodos de procedimento. Quanto à abordagem, adotaremos uma postura indutiva, de forma a verificar a complexidade entre os conceitos e a suas projeções internas e externas com relação à imagem do corpo apresentado no jornalismo impresso. Isso quer dizer: não haverá uma preocupação ajustar o estudo do objeto e uma conclusão antecipada.

A indução vai nos ajudar a formas como o objeto de estudo se relaciona, no universo da linguagem jornalística, com as várias estratégias narrativas empregadas para constituir de conceitos. Em relação aos métodos de abordagem, a nossa “ferramenta” será a análise de discurso, considerando que o jornal é um sujeito semiótico que fala ao mundo externo a partir de formas discursivas verbais e não-verbais.

As formas de imbricações dos discursos para apresentar o corpo, no jornalismo impresso, nascem das diversas imbricações de linguagens. Nesse sentido, a análise do discurso é o método de abordagem que pode fazer o nosso objeto de estudo compreensível.

Bibliografia:

CERTEAU, Michel de – A invenção do cotidiano – artes de fazer. Petrópolis(RJ): Vozes, 1994.
DAYRELL PORTO, Sérgio (org.) – Jornal –da forma ao sentido. Brasília: Paralelo 15, 1997.
DEMO, Pedro – Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.
GOMES, Mayra Rodrigues – Jornalismo e ciências da linguagem. São Paulo: Edusp, 2000.
GREINER, Christine – O corpo – pistas para estudos indisciplinares – São Paulo: Annablume, 2005.
LE BRETON, David – Adeus ao corpo. In: Novaes, Adauto(org.) O homem máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
MOREL et alii, Marcos – Palavra, imagem e poder – o surgimento da imprensa no Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
PAIS, José Machado – Vida cotidiana – enigmas e revelações. São Paulo: Cortez, 2003.
REBELO, José – O discurso do jornal. Lisboa: Notícias, 2000.
SANTAELLA, Lucia – Comunicação e pesquisa. São Paulo: Hacker, 2001.
SANTAELLA, Lucia – Cultura e artes do pós-humano – da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.
SILVERSTONE, Roger – Por que estudar a mídia? São Paulo: Loyola, 2002.
WOLF, Mauro – Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

O Princípe Lê Jornais


O cotidiano e o poder no jornalismo impresso foram os temas centrais abordados no primeiro volume do livro “O Príncipe Lê Jornais” (Ed. Marcas de Fantasia, Série Veredas. 100 p. 2008. R$14,00) a nova publicação do Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (Grupecj/UFPB) que será lançado oficialmente nesta sexta-feira (25), a partir das 19h30, no Casarão Philipéia, localizado no centro histórico de João Pessoa. A apresentação do livro será feita pelo professor de literatura e jornalismo Hildeberto Barbosa Filho. Logo após a cantora Geanne Lima e o violonista Fabiano Silva, profissionais recém-chegados ao grupo mostram seu talento para música.

Na mesma ocasião a jornalista de mestranda em sociologia Viviane Marques Guedes estará lançando o livro “O visível silêncio e a política Fosca” (Editora Elógica Press, Olinda, 159 p.). Os lançamentos marcam as comemorações de seis anos do Grupecj.

O Príncipe Lê Jornais foi organizado pelo professor Doutor Wellington Pereira e conta com ensaios de autoria de Jorge Fernando Hermida, Adriana Crisanto Monteiro, Viviane Marques, Ana Carolina Porto, Daniel Abath, Hildeberto Barbosa Filho e do próprio organizador. Para compor os textos que hora se faz presente nesta edição os pesquisadores, orientados pelo coordenador do grupo Wellington Pereira, selecionaram jornais e a partir destes passaram a analisar e fazer reflexões com base nos teóricos que falam sobre a questão do poder.

O resultado é impressionante. Os textos não são foram produzidos apenas na tentativa de realizar uma melhor apreensão sobre o poder e a comunicação, mas um entendimento profundo do que ocorre na prática jornalística.

O ensaio de abertura é de autoria do professor Doutor Jorge Fernando Hermida. Nele o autor faz um passeio pelas obras de vários escritores que falam sobre o poder, a exemplo de Maquiavel, Marx, Bobbio, István Meszaros, Habermans entre outros.
O estudante e bolsista do projeto do Grupecj, Daniel Abath, no seu ensaio “A vontade de potência nos sujeitos semióticos” observa que o acesso no discurso de certas fontes e a forma como os jornais diários se apropriam das falas e dos atores sociais. “O discurso cria uma forma cotidiana de abordagem das notícias, que se preocupa muito mais em legitimar o discurso do poder do que retratar as reais injunções cotidianas da sociedade civil”, comentou Abath.

A ensaísta Viviane Marques no seu texto “A institucionalização do poder simbólico” diz que a presença do poder está presente mesmo nas simples conversas entre interlocutores, mesmo que não seja na medida persuasiva.Com receio de negligenciar a pluralidade de poderes existentes no jornalismo, a ensaísta Ana Carolina Porto, no texto “O jornalismo e seus poderes”, buscou no teórico Neveu subsídios que dessem conta da amplitude que é o poder no jornalismo paraibano. A autora não apenas enquadra um objeto na teoria, mas constrói ao longo texto conceitos sobre o poder, um verdadeiro exercício produtivo e criativo.

A jornalista Adriana Crisanto Monteiro no texto “Fragmentos sobre o poder e jornalismo” chama atenção para questões ideológicas que envolvem o poder no cotidiano dos meios impressos e traz um pouco de sua prática jornalística para dentro de suas análises, provando que a prática e a teoria podem caminhar juntas e mostrando ainda que os modos de exercer o poder no jornalismo são múltiplos, indo da persuasão até a coersão.

Em depoimento final o professor de ética e de direito à informação, Hilbeberto Barbosa Filho, comenta sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido com muito ardor e paixão pelo Grupecj e finaliza dizendo: “Penso que o grupo ganha visibilidade, expandindo suas ressonâncias cognitivas, não somente na ingerência de sua formalização, dos seus encontros, daquilo que o constitui como corpo físico palpável, mas, sobretudo, no que deixa de provocação reflexiva, de conteúdo teórico, de aventura epistêmica”, finalizou.

A obra foi editada pela Editora Marca de Fantasia do professor Doutor Henrique Magalhães e pode ser encontrada para venda no site da editora, através do endereço eletrônico: www.marcadefantasia.com.br .

O visível silêncio e a política fosca

O livro “O visível silêncio e a política fosca” (Olinda: Elógica Press, 159p), de autoria da jornalista e mestranda em Sociologia pela UFPB, Viviane Marques Guedes é resultado da pesquisa monográfica em jornalismo realizada por ela no ano 2005. A pesquisadora apresenta uma discussão sobre o conteúdo opinativo da imprensa pessoense em relação ao processo eleitoral do ano de 2004 na cidade de João Pessoa.

A pesquisa busca compreender quais os modos de silenciamento presentes na palavra oficial, ou seja, nos editoriais, dos periódicos Correio da Paraíba, Jornal da Paraíba, O Norte e A União durante o período que antecedeu as eleições municipais na capital paraibana. Como suporte teórico-metodológico para as análises desenvolvidas no livro, a pesquisadora recorre às teorias da Comunicação, a exemplo dos princípios do agenda setting e da espiral do silêncio, bem como vale-se do método de análise do discurso para desenvolver a investigação dos editoriais selecionados para o estudo.

Para Viviane Marques estudar o jornalismo impresso representa uma atividade de grande importância na compreensão de como o cotidiano apresenta-se no discurso, na linguagem. “Algo que requer afinco e extrema dedicação por parte do pesquisador, pois ele deve se valer, em suas análises, não apenas do que vê, ou lê, mas do que percebe nas entrelinhas dos dizeres”, disse.

A autora é integrante, desde 2002, do Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj), coordenado pelo professor Wellington Pereira. Junto ao Grupecj, Viviane Marques já publicou, em co-autoria, os livros: Leituras do cotidiano (2002); O trabalho de Sísifo: jornalismo e vida cotidiana (2004) e Epistemologias do caderno B (2006).

GRUPECJ – Cinco anos dedicados à pesquisa em comunicação

O Grupo de Estudos sobre o Cotidiano e Jornalismo (Grupecj) surgiu no ano de 2002. Foi idealizado pelo professor doutor Wellington Pereira, que recém chegado de seu doutorado na França, sentia a necessidade de maiores discussões sobre pesquisa na área de comunicação e engajamento por parte dos professores e estudantes do curso. Reuniu um pequeno grupo de alunos e ex-alunos para estudar, pesquisar e analisar sobre todas as questões que envolvesse a comunicação social, em especial o jornalismo.

O grupo conta com a participação de alunos da graduação em jornalismo, ex-alunos, da Pós-Graduação em Sociologia e Comunicação Social (cursos da UFPB) e profissionais da imprensa paraibana.

Nestes cinco anos de existência o grupo publicou: Leituras do Cotidiano (Editora Manufatura, 2002), O Trabalho de Sísifo – jornalismo e vida cotidiana (Editora Manufatura, 2004), Epistemologia do Caderno B (Editora Manufatura, 2006) e mais agora O Príncipe Lê Jornais – cotidiano e poder nos jornalismo impresso (2008).
O Grupecj é hoje um dos grupos de estudo de maior referência no país nos estudos sobre jornalismo. Neste período o grupo já promoveu seminários e foi um dos selecionados na carteira professor de graduação do Programa Jornalismo Cultural 2007/2008 do Rumos Itaú Cultural, como o projeto Epistemologia do Caderno B.

Sobre o organizador

Wellington José de Oliveira Pereira é professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), programa de Pós-graduação em Sociologia e do programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFPB. É doutor em Sociologia pela Université Paris V, Sorbonne. Graduado em Jornalismo e mestre em Literatura também pela UFPB. É autor dos livros: As possibilidades do róseo (1982), O beijo da noiva mecânica: ensaio sobre mídia e cotidiano (2002), Chanel 19: histórias no feminino (2000), Diário de um Zappeur (2006), Vovó nos protege? – histórias infantis para gente grande (2006). É o organizador das coletâneas: Leituras do Cotidiano (2002), O Trabalho de Sísifo – jornalismo e vida cotidiana (2004), Epistemologia do caderno B (2006).

Serviço: Lançamento 1: O Príncipe Lê Jornais (ensaios)
Organizador: Wellington Pereira
Editora Marcas de Fantasia
Série Veredas.
100 p.
Ano: 2008
Preço: R$14,00

Lançamento 2: O visível silêncio e a política fosca
Autora: Viviane Marques Guedes
Editora Elógica Press
Ano: 2008, 159p
Onde: Casarão Philipéia – Centro Histórico
Hora: 19h30

Maiores Informações:
Wellington Pereira – 83. 9979. 0180
Email: wellingtonpereyra@hotmail.com
Viviane Marques Guedes – 83. 8832.8471
Email: vvmarques@oi.com.br

Grupo de estudos da UFPB vencedor do Prêmio Luiz Beltrão de Jornalismo


O Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo do curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba (Grupecj/UFPB), coordenado pelo professor Doutor Wellington Pereira, foi o grande vencedor da categoria “grupo inovador” do Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação outorgado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) a pesquisadores e instituições cientificas.

“Vencer o Prêmio Luiz Beltrão se reveste de grande importância para pesquisadores da área de comunicação em todo país. Para nós paraibanos, o significado é muito especial, pois foi em João Pessoa que Luiz Beltrão criou o primeiro Curso de Jornalismo da Paraíba”, disse o professor Wellington Pereira que criou o Grupecj a cerca de seis anos.

Está é a primeira vez que um grupo de pesquisa do nordeste recebe um prêmio de grande relevância na área cientifica da comunicação. “A alegria se completa através do grupo de pesquisadores que vêm atuando no Grupecj e demonstram talento a cada publicação: resistindo às tentativas de sucateamento da universidade pública”, acrescentou Wellington Pereira.

A entrega solene dos diplomas aos vencedores do Beltrão 2008 será realizada na noite de 4 de setembro, das 19h às 21h, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, durante o XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, contando com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Programa Globo Universidade.

Na categoria “maturidade acadêmica”, a vencedora foi à professora Marialva Barbosa, autora do livro “História Cultural da Imprensa” e fundadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF, vem se destacando pelo seu espírito dinâmico e realizador.

Venceram como “lideranças emergentes” as professoras Cosettte Castro (UNESP) e Ivone de Lourdes Oliveira (PUC Minas). Cosette integra o Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital da Unesp de Bauru, consultora da Comisión Económica para América Latina (CEPAL), órgão da Unesco localizado no Chile - 2007; coordenadora da pesquisa "As Indústrias de Conteúdos na América Latina", em 11 países da região, onde analisa o desenvolvimento da mídia analógica e o crescimento da mídia digital e da convergência tecnológica nos países estudados.

Ivone é diretora da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC-Minas, que tem ao longo dos anos contribuído para o fortalecimento do campo de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas no Brasil, tendo sido eleita, pela segunda vez consecutiva, vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp).

Sobre o prêmio Luiz Beltrão

O prêmio Luiz Beltrão pretende homenagear o pioneiro da pesquisa científica em comunicação no Brasil, bem como sinalizar às novas gerações, reconhecendo a excelência do trabalhado realizado nas universidades por docentes e pesquisadores, bem por entidades que fomentam estudos ou desenvolvem projetos comunicacionais relevantes para o desenvolvimento sócio-cultural. Na categoria “instituição paradigmática”, foi vencedora a centenária Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Os candidatos ao prêmio, em cada uma das categorias, são indicados anualmente pela comunidade acadêmica da área, cabendo a decisão final a um júri presidido pelo fundador da INTERCOM, o professor Doutor José Marques de Melo. Integram esse colegiado, composto por 20 personalidades, os antigos e o atual presidente dessa associação, bem como pelos vencedores da categoria maturidade acadêmica em anos anteriores (Moacir Pereira, Sergio Capparelli, Sergio Mattos, Muniz Sodré, Antonio Costella, Carlos Eduardo Lins da Silva, Ana Arruda Callado, Murilo César Ramos, Adísia Sá e Antonio Hohlfeldt). A coordenação geral do Prêmio Luiz Beltrão está a cargo da professora Maria Cristina Gobbi, diretora-suplente da Cátedra UNESCO/Metodista de Comunicação.

GRUPECJ – Seis anos dedicados à pesquisa em comunicação

O Grupo de Estudos sobre o Cotidiano e Jornalismo (Grupecj) surgiu no ano de 2002. Foi idealizado pelo professor doutor Wellington Pereira, que recém chegado de seu doutorado na França, sentia a necessidade de maiores discussões sobre pesquisa na área de comunicação e engajamento por parte dos professores e estudantes do curso. Reuniu um pequeno grupo de alunos e ex-alunos para estudar, pesquisar e analisar sobre todas as questões que envolvesse a comunicação social, em especial o jornalismo. O grupo conta com a participação de alunos da graduação em jornalismo, ex-alunos, da Pós-Graduação em Sociologia e Comunicação Social (cursos da UFPB) e profissionais da imprensa paraibana.

Nestes seis anos de existência o grupo publicou: Leituras do Cotidiano (Editora Manufatura, 2002), O Trabalho de Sísifo – jornalismo e vida cotidiana (Editora Manufatura, 2004), Epistemologia do Caderno B (Editora Manufatura, 2006) e mais agora O Príncipe Lê Jornais – cotidiano e poder nos jornalismo impresso (2008).

O Grupecj é hoje um dos grupos de estudo de maior referência no país nos estudos sobre jornalismo. Neste período o grupo já promoveu seminários e foi um dos selecionados na carteira professor de graduação do Programa Jornalismo Cultural 2007/2008 do Rumos Itaú Cultural, como o projeto Epistemologia do Caderno B.

Pesquisa em andamento - No início deste semestre o grupo deu início à nova pesquisa que se chamará “O corpo e a anatomia impressa” – apresentação do corpo humano nos jornais de João Pessoa (PB). O projeto tem o objetivo de estudar a apresentação dos corpos humanos no jornalismo impresso. A nova pesquisa busca referências aos leitores para que eles possam entender como o corpo humano sofre transformações estético-lingüísticas quando é utilizado para ratificar as categorias e os gêneros jornalísticos.

O estudo dos corpos nos jornais é de suma importância uma vez que trata de uma leitura interdisciplinar sobre as formas de construções das realidades linguageiras no campo da mídia. Os mais diversos estudos sobre o corpo têm demonstrado as transformações corpóreas que aponta para a investigação da sexualidade, da política, e da religiosidade. Todos esses campos apontam para os constrangimentos sofridos pelo corpo, a partir das determinações sócio-culturais de como se vestir, se alimentar, fazer sexo e vender produtos utilizando corpos. A importância do estudo enfatiza uma questão pouco discutida nos estudos do jornalismo impresso: a utilização do corpo humano como signo referencial e ilustrativo da informação jornalística. Ou seja, demonstrar qual o papel do corpo na “legitimação” das informações impressas.

Sobre o coordenador do GRUPECJ

Wellington José de Oliveira Pereira é professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), programa de Pós-graduação em Sociologia e do programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFPB. É doutor em Sociologia pela Université Paris V, Sorbonne. Graduado em Jornalismo e mestre em Literatura também pela UFPB. É autor dos livros: As possibilidades do róseo (1982), O beijo da noiva mecânica: ensaio sobre mídia e cotidiano (2002), Chanel 19: histórias no feminino (2000), Diário de um Zappeur (2006), Vovó nos protege? – histórias infantis para gente grande (2006). É o organizador das coletâneas: Leituras do Cotidiano (2002), O Trabalho de Sísifo – jornalismo e vida cotidiana (2004), Epistemologia do caderno B (2006) e O Príncipe Lê Jornais – cotidiano e poder nos jornalismo impresso (2008).

Maiores Informações:
Wellington Pereira – 9979.0180
Email: wellingtonpereyra@hotmail.com ou wpereira@hs24.com.br
Emails da lista de discussão do grupo: grupecj@yahoogrupos.com.br/ grupecjornalismo@yahoogrupos.com.br

Camisa do Grupecj


A camisa do Grupecj vai ser lançada dia 26/06/2007. Ao comprar a camisa, você estará ajudando a efetivar pesquisas sobre a mídia paraibana. Telefones para contato: 83. 9979.0180 (Prof. Wellignton Pereira) – 83. 8832.5856 (Viviane).

Grupo da UFPB vence programa da Fundação Itaú Cultural


O Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj) do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba, Campus I João Pessoa, foi um dos vencedores da Carteira professores de graduação do programa Rumos Jornalismo Cultural 2007/2008 da Fundação Itaú cultural. O professor Wellington Pereira, coordenador do Grupecj, concorreu com o trabalho Epistemologias do Caderno B.

Os professores contemplados receberão R$ 500,00 pelos direitos autorais de publicação dos trabalhos selecionados no site do Itaú Cultural. Também receberão um conjunto de 30 livros, assinaturas de revistas de cultura, além da participação de um exclusivo Fórum Virtual mensal sobre jornalismo cultural – de março a novembro de 2008, a cada mês com um convidado de renome na área – cujo conteúdo será editado e integrado a um produto com todos os trabalhos desenvolvidos pelos selecionados nas duas carteiras, mediante licenciamento de R$1.100,00, entre outros prêmios.

O Itaú Cultural encerra o processo de seleção dos trabalhos para o Rumos Jornalismo Cultural em sua edição de 2007/2008, que marca os dez anos de existência do programa e os 20 de atividade do Itaú Cultural. Entre março e agosto deste ano, recebeu 238 inscrições – contra 108 na edição anterior, em 2004. Elas partiram de 98 faculdades de 64 cidades em 25 estados. Deste total, foram selecionados 26 inscritos nas carteiras: Professor de Graduação – a partir de textos sobre o aperfeiçoamento do professor e a formação do aluno em jornalismo cultural – e Estudante de Graduação, com a realização de reportagens para a editoria de cultura em mídia impressa, web-reportagem, radiorreportagem ou videorreportagem. A seleção de ambas as carteiras se deu por comissões autônomas, formadas por especialistas na área e pelo gerente do núcleo de Diálogos, jornalista Claudiney Ferreira, representando a instituição.

Nesta edição do Rumos Jornalismo Cultural, somente Piauí e Roraima não enviaram inscrições. Dos 25 estados representados, 15 foram contemplados: Amazonas (Manaus), Bahia (Salvador), Distrito Federal (Brasília), Maranhão (São Luís), Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Campo Grande), Minas Gerais (Belo Horizonte e Juiz de Fora), Pará (Belém), Paraíba (João Pessoa), Paraná (Curitiba), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Rio Grande do Norte (Natal), Rio Grande do Sul (Porto Alegre e Santa Maria), Santa Catarina (Florianópolis) e São Paulo (Bauru, Engenheiro Coelho e Limeira). Minas Gerais e Rio Grande do Sul empataram, com seis contemplados em cada estado. Ainda entre os mineiros saiu o maior número de professores: dos nove escolhidos, cinco são das Gerais.

Wellington Pereira - Mestre em Literatura Brasileira pela UFPB e Doutor em Sociologia pela Sorbonnne, Paris V. Atualmente, coordena o GRUPECJ - Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo e leciona no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPB. Autor, entre outros livros, de Crônica: arte do útil ou do fútil? - ensaio sobre a crônica no jornalismo impresso (1994), O beijo da noiva mecânica - ensaios sobre mídia e cotidiano (2002), Chanel 19: histórias no feminino (contos - 2001), Diário de uma Zappeur - TV, insônia e vida quotidiana (2006); Epistemologias do Caderno B (org.) 2006; Vovó nos protege?- histórias infantis para gente grande, 2006. A divulgação dos selecionados, os seus trabalhos e os integrantes da comissão, pode ser encontrada no site www.itaucultural.org.br/rumos2007.

Rede de Observatórios


Renoi avança e consolida experiências de observação


Um balanço das atividades da Rede Nacional de Observatórios de Imprensa (Renoi), passados quatro meses de seu lançamento; publicado originalmente no Monitor de Mídia.
A pesquisa científica em jornalismo vive um momento promissor no Brasil. Passadas quase três décadas do surgimento da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação), as investigações em jornalismo evidenciaram-se como das mais produtivas no campo, o que provocou o surgimento de uma sociedade científica própria. A SBPJor (Sociedade Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo) é recente, ruma para quatro anos de existência, mas encarna as aspirações dos cientistas que se debruçam sobre problemas e soluções para o jornalismo nacional. Não houve uma cisão entre os dois coletivos científicos, mas complementação. Fato estratégico e raro no ambiente acadêmico.

Aliás, salvo qualquer deslize ingênuo da minha parte, vejo um espalhar desse espírito de união de forças, de aglutinação de energias. Os atores do campo da comunicação parecem ter descoberto que é melhor juntar esforços que disputar espaços exíguos. Não que a competição tenha se extinguido por aqui, mas ela não assume mais o primeiro plano. Dois eventos recentes sublinham esse espírito.

Entidades classistas como a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ou mesmo da sociedade civil, como o FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), antes tão ensimesmadas, passaram a se aproximar mais dos coletivos acadêmico-científicos (Intercom, SBPJor e Fórum Nacional de Professores de Jornalismo). Diversos eventos vêm sendo realizados tendo essas camadas de organização como parceiras ou mesmo co-realizadoras. Este é um movimento dos últimos cinco ou dez anos, não mais que isso. E a aproximação entre entidades corporativas, científicas e de articulação da sociedade permite uma sinergia maior entre três interfaces com o Jornalismo: a que vive o mercado de trabalho, a que estuda e pesquisa a mídia e a que consome os produtos informativos.

A melhor notícia é que todos se beneficiam com essa convergência: o jornalista, o pesquisador e o cidadão comum. A distância entre academia e mercado fica menor; diminuem também os preconceitos de lado a lado; permite-se uma maior troca de informações e experiência, o que resulta num aperfeiçoamento mais consistente das práticas jornalísticas.

Na vitrina

Um segundo caso que ilustra esse espírito de união de forças no campo do jornalismo é o surgimento de redes de pesquisa. Pelo menos duas foram lançadas oficialmente durante o 3º Encontro da SBPJor, em novembro passado em Santa Catarina. Uma de Telejornalismo e outra de Crítica de Mídia. Embora pareçam iniciativas simples e cotidianas, essas redes não são fáceis de articular. É necessário que haja um coletivo de pesquisadores comprometidos com uma produção em eixos compartilhados; é preciso afinidades teóricas e metodológicas; que haja disponibilidade, ambiente e infra-estrutura para a pesquisa científica nos diversos pontos da rede; enfim, que vigore uma confluência de condições que não só estimule a investigação, mas que possa converter seus resultados em produtos passíveis de difusão.

No caso específico da Rede Nacional de Observatórios da Imprensa (Renoi), da qual fazemos parte, pode-se dizer que ela está em franca expansão, consolidando experiências em vários pontos do Brasil e fomentando o surgimento de outras. Em quase quatro meses de existência formal, a rede conta hoje com três laboratórios ou projetos formados e consolidados, três em fase de consolidação e outros dez sendo criados.

A bem da verdade, a iniciativa surgiu há praticamente 10 anos, quando do surgimento do Observatório da Imprensa. Este primeiro media watcher nasceu no âmbito acadêmico e ainda objetivava uma maior intensidade dessas discussões na universidade. De 1996 para cá, diversas vezes, tentou-se articular uma rede nacional de observatórios, mas ela só veio a surgir oficialmente no ano passado. Com o lançamento da Renoi, pavimentou-se uma parceria com o Observatório da Imprensa, que republica em sua seção "Diretório Acadêmico" alguns dos textos produzidos pelos diversos nós dessa rede. Se, por um lado, os projetos da Renoi ganham maior visibilidade na grande vitrina do Observatório, por outro, é oferecido ao site um mosaico da produção acadêmica de crítica de mídia em diversos cantos do Brasil.

Projetos consolidados

A Renoi é composta por cerca de 40 pesquisadores de 16 instituições de ensino superior em 11 estados. Todas as regiões brasileiras são contempladas. No norte, fazem parte professores e alunos ligados à Agência Unama, da Universidade da Amazônia, com foco em pesquisas sobre Comunicação, Infância e Adolescência; no nordeste, compõem a rede pesquisadores das universidades federais de Sergipe (UFS), da Paraíba (UFB) e do Rio Grande do Norte (UFRN); na região Centro-Oeste, estão vinculados dois grupos de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB); no sudeste, estão o Unasp, a Universidade do Sagrado Coração e a Unisanta, todos no interior de São Paulo, a Unilinhares, o Centro Universitário Fluminense, no Rio, a Universidade do Triângulo e a Faculdade Estácio de Sá, ambas em Minas Gerais. Da região Sul, estão pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí, de Santa Catarina, e da federal do Paraná (UFPR).

Cada um desses nós da rede representa uma vitrine da mídia local, fazendo observação sistemática dos órgãos de imprensa, exercendo a crítica aos processos e às práticas jornalísticas. Cada uma dessas iniciativas tende a produzir diagnósticos de suas realidades midiáticas, ajudando a compor um mosaico nacional.

Os projetos já formados e consolidados são o Canal da Imprensa, do Unasp, o Monitor de Mídia, da Univali, e o S.O.S. Imprensa, da UnB. Criados e em fase de consolidação de seus serviços e pesquisas, estão o Análise de Mídia, da USC, a Agência Unama, da Universidade da Amazônia, e o Mídia e Política, da UnB.

Somando ao coletivo

Em Sergipe, os professores Josenildo Luiz Guerra e Carlos Franciscato, do Laboratório de Estudos em Jornalismo, já formaram suas equipes de pesquisa e atualmente definem critérios de avaliação e detalhes da rotina do projeto. No Rio Grande do Norte, o professor Gerson Martins trabalha na formatação de uma disciplina específica de crítica de mídia e na articulação de um grupo de pesquisa que sustente um projeto de observação sistemática. Na Paraíba, o professor Wellington Pereira, do Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj), atua para a criação de um observatório de mídia junto ao Fórum Estadual dos Direitos Humanos.

Em Minas, o professor Avery Veríssimo elabora proposta de um projeto de observatório da imprensa na Faculdade Estácio de Sá. No mesmo estado, o professor Sérgio Gouvêa utiliza a disciplina "Escritório de Jornalismo IV" para atividades de crítica da mídia na Universidade do Triângulo, a Unitri. Na Unilinhares, a professora Jussara Carvalho de Oliveira já iniciou um projeto de monitoramento no curso de Jornalismo local. E em Campos do Goitacazes (RJ), o professor Gerson Dudus conclui em breve um projeto de implantação de laboratório no Centro Universidade Fluminense. Em Santos (SP), o professor Fernando de Maria articula para reservar na home page de sua instituição, a Unisanta, espaço para discussão sobre a mídia regional. Em Curitiba, a professora Kelly Prudêncio aglutina professores de Jornalismo e Publicidade para a criação de um Núcleo de Estudos em Ética na Comunicação, observando prioritariamente as intervenções de lado a lado (jornalismo e publicidade) nas linguagens, oferecendo disciplinas optativas e buscando maior adesão de alunos para o núcleo.

O que se observa, já com tão pouco tempo de funcionamento da Renoi, é que há experiências iniciadas a partir do trabalho de grupos de pesquisa, como é o caso do Monitor de Mídia, do S.O.S. Imprensa e do Mídia e Política, vinculado ao Núcleo de Estudos em Mídia e Política. Essa característica reforça a atuação dos grupos e dá maior visibilidade aos seus projetos na medida em que oferece uma interface menos concentrada no meio acadêmico, um site na internet. Alguns dos novos focos da Renoi tendem a seguir esse percurso, mas isso se dá quase sempre de acordo com o perfil de seus articuladores locais. A Renoi não determina como devem surgir os nós da rede, apenas orienta em que circunstâncias eles podem se viabilizar e se somar ao coletivo.

Solo fértil

Existem projetos ligados a disciplinas e, que portanto, têm uma vinculação maior com o ensino de Jornalismo. Alguns observatórios devem surgir como resultados da sala de aula, do trabalho entre alunos e professores, como se coroassem uma boa trajetória. Essas experiências tendem a estabelecer um fluxo de informação que retroalimenta as aulas, tornando mais rico o processo de ensino-aprendizagem. Está por trás disso a idéia de que elementos de crítica de mídia podem ajudar a constituir uma ementa de disciplina. O professor Victor Gentilli, da UFES, conduziu uma experiência similar no ano passado, e outros pesquisadores devem fazer o mesmo em 2006. A criação de um observatório de mídia na universidade a partir de disciplinas regulares ou optativas parece ser uma saída menos dificultosa que por meio de um grupo de pesquisa. Isso porque o grupo, atendendo a critérios burocráticos e regulatórios, precisa estar consolidado e em pleno funcionamento para suportar uma rotina de observação sistemática. Na sala de aula, o compromisso institucional é mais caracterizado e o envolvimento de professores e alunos é praticamente imediato.

Há ainda experiências que se estendem para os caminhos da extensão universitária. O exemplo mais nítido é o S.O.S. Imprensa, que funciona como uma ouvidoria para erros da mídia. Com um site e um telefone do tipo 0800, o projeto oferece orientações ao cidadão comum sobre abusos dos meios de comunicação. Recentemente, o projeto da UnB iniciou a produção e veiculação de um programa de televisão na TV Comunitária do Distrito Federal. A cada 15 dias, o programa de meia hora é exibido, e lá são discutidos temas como invasão da privacidade e responsabilidade social da mídia. Em Santa Catarina, também recentemente, o Monitor de Mídia lançou um programa de TV no sistema a cabo. Trata-se de Monitor na Mídia, que vai ao ar semanalmente pela TV Univali, o canal universitário em Itajaí (SC).

Esses apontamentos em torno do trabalho da Renoi mais nos servem como um balancete dos muitos esforços que estão sendo desenvolvidos pelos pesquisadores participantes. Em outras latitudes e sob novos escopos, a pesquisa em jornalismo vai aprofundando suas raízes no solo fértil da ciência. Parte de um processo histórico, esse desenvolvimento tem condições de oferecer à categoria profissional e ao público em geral respostas a dilemas que angustiam a todos que produzem e consomem informação. É necessário radicalizar esse interesse e esse empenho.

Celacom 2007

O professor Wellington Pereira participou do Celacom 2007- Encontro das Escolas Latino-Americanas de Comunicação, de 7 a 9 de maio, na cidade de Pelotas(RS). Na ocasião, o professor Wellington Pereira proferiu, no dia 7, palestra sobre a escrita jornalística e suas relações com os gêneros jornalísticos.

O povo não acredita na Imprensa

Periodicamente a imprensa publica elogios de si mesma, que expressariam o alto índice de confiabilidade que ela teria, em comparação com o desprestígio de políticos, de governos, de partidos. Pesquisas totalmente inócuas indicariam que os leitores estariam muito satisfeitos com o que lêem nesses jornais. Mas tudo depende da forma de fazer a pergunta, de a quem ela é dirigida e de como é interpretada.

Consultado, várias dezenas de vezes pelas pesquisas eleitorais, neste ano, o povo está opinando de forma totalmente contraditória com o que a imprensa disse e segue reiterando diariamente. Ninguém têm dúvidas de que jornais como a Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo, o Globo, entre outros, assim como uma revista como a Veja e uma rede televisão como a Globo, apóiam claramente a Alckmin. Se não conseguem encontrar excelências no seu candidato – por maior capacidade de mistificação que tenham, não conseguem tirar água de pedra -, se concentram em atacar diariamente a Lula, a seu governo, ao PT e à esquerda. Mas não encontram eco algum no povo.

Não fosse assim, os artigos de alguém como Clóvis Rossi, que expressam o ceticismo/cinismo típico da FSP, atacando a Lula todo o tempo, com um ar de desencanto de quem nunca esteve deste lado, teriam ampla repercussão. Mas nem a classe média paulista deixa de votar majoritariamente em Lula.

Não fosse assim, as diatribes raivosas de Miriam Leitão, de Dora Kramer, de Merval Pereira, de Eliane Catanhede, de Arnaldo Jabor, entre outros, teriam eco imediato, senão no povo, que não lê esses jornais, pelo menos entre a classe média brasileira, que insiste em votar majoritariamente em Lula.

As pesquisas eleitorais, caso se confirmem na eleição presidencial do dia primeiro de outubro, são a melhor pesquisa sobre o que pensa o povo brasileiro da imprensa: não acredita nela, não lhe tem confiança, não aceita seus argumentos, sua informação editorializada, suas manchetes sensacionalistas, seus colunistas identificados com a direção – reduzida a 6 famílias – dos órgãos da grande mídia monopolista privada. O povo pensa uma coisa do governo Lula, a grande mídia pensa outra.

Se acreditasse no que a imprensa diz, se tivesse confiança nela, seria Alckmin quem estaria por triunfar no primeiro turno e não Lula. Mas o povo acredita em Lula e não nesses colunistas, nos editorais desses jornais, na cobertura da Rede Globo e sim no PT e no governo.
Essas vozes perdedoras estão desconcertadas, vivem uma das piores crises de identidade de sua história. É certo que todos esses órgãos da imprensa propagaram o golpe militar antes de 1964, depois apoiaram a ditadura militar, reproduzindo seus comunicados falsos que acobertavam as prisões ilegais, os seqüestros, as torturas, os fuzilamentos, os “desaparecimentos” – de que o filme Zuzu Angel recorda, em parte. Mas tentaram se reciclar sem qualquer tipo de autocrítica, de arrependimento ou de justificativa que buscasse distanciá-los do pior momento vivido pela história brasileira desde o fim da escravidão. Nada isso levou-os à crise de identidade atual, em que se sentem impotentes – ao contrário do que acreditavam ser.

Não vão aprender, colocaram culpa no povo, com a esperança – como disse Lula – de dissolver o povo, de substituir o povo por outro, dos seus sonhos. Quem é essa imprensa, para se reivindicar a missão de fiscalizar os governos? Que moral tem para isso? Quem lhes entregou esse mandato? Pelo voto popular, ninguém. Eles se reivindicam a si mesmos.

Com que direito se reivindicam o direito de organizar debates públicos, com as pessoas que lhes interessam, no cenário que preferem, com as perguntam que privilegiam? Como pode a TV Globo, depois daquele debate final Lula/Collor de 1989, ter moral para organizar um debate poucos momentos antes do final da campanha publica – de forma similar ao que fizeram em 1989 – querer ter o direito de impor um debate aos candidatos? Existirá algo similar, com tentativas de criminalização do ausente, em estados onde seus candidatos são favoritos e não aparecerão nos debates?

Tentam utilizar desesperadamente uma representação que ninguém lhes atribuiu, para buscar encontrar um espaço de influencia sobre o eleitorado, que se dão conta que perderam, diante das políticas sociais e o instinto social consolidado no voto do povo – em que mais de 80% dos que escolheram Lula afirmam que não mudarão sua opção.

O povo não acredita na imprensa. (As exceções são conhecidas: Carta Capital, Carta Maior, Caros Amigos, Brasil de Fato e várias outras vozes dissonantes, alternativas, embora minoritárias em termos de circulação e de leitores.). Vota contra os que tentam inculcar diariamente na sua cabeça idéias alheias a seus interesses e valores. Se não se pode dissolver o povo, que tal democratizar a imprensa? Assim o povo teria a imprensa que merece, com os valores pelos quais vota, que pode representá-lo e em que poderá vir a confiar.

Postado por Emir Sader

Debate Aberto

A babel é aqui

Um jornalista da Folha me ligou pedindo entrevista. Recusei instintivamente. Depois foi um do Estadão. Desta vez hesitei, pedi que me telefonasse depois. Não era legal me recusar a falar e depois cobrar que não fui ouvido. Mas eu precisava descobrir as raízes do meu instinto de recusa. Este texto é uma tentativa nessa direção.

Bernardo Kucinski

Duas vezes, este mês, recusei pedidos de entrevista de um jornalista da Folha, ex-aluno meu. Recusei instintivamente, sem pensar. Não gosto do jeito que ele escreve. Logo depois, no final da semana, telefonou-me um jornalista do Estadão, também pedindo entrevista, para uma reportagem sobre os planos do governo na área da comunicação. Respondi, meio brincando e meio a sério, que só dava entrevistas para estudantes de jornalismo porque os profissionais tinham se tornado maliciosos demais para o meu gosto; deixaram de ser confiáveis. Mas hesitei. Pedi que me telefonasse na segunda, que eu ia pensar. Ele não telefonou, mas nesse ínterim, eu pensei. Pensei, principalmente, que não era legal eu me recusar a falar e depois cobrar dos jornalistas profissionais o fato de não nos ouvirem. Eu precisava descobrir as raízes do meu instinto de recusa e saber formular essas causas no plano da razão. Este texto é uma tentativa nessa direção.

Penso que o principal motivo é o reconhecimento de que não existe mais uma língua comum entre nós – digamos de modo simplificado, entre esquerda e direita. Não se trata apenas do fato de que os jornalistas profissionais não procuram saber o que a gente pensa, e querem apenas pinçar frases que legitimem o seu discurso ou dêem pretexto para nos desancar. Fomos além disso. Trata-se da perda da capacidade de se comunicar. È como se vivêssemos numa babel. Quando nós dizemos que queremos democratizar a comunicação no Brasil, eles entendem que queremos controlar a comunicação no Brasil; quando dizemos que os jornalistas nos devem uma auto-reflexão sobre o comportamento da imprensa, eles entendem que estamos pedindo que parem de criticar o governo. Quando dizemos que a imprensa está distorcendo determinada história, eles distorcem o que nós dissemos. E assim vai. Tudo o que a esquerda e, em especial, os petistas dizem, é entendido como o seu contrário.

Vivemos, portanto, um processo de desordem lingüística que está impedindo as pessoas até mesmo de se entenderem sobre quais são suas divergências. E a dissonância não se dá apenas entre esquerda e direita. Parece atravessar todo o universo da argumentação pública. Principalmente na internet, que estimula a intervenção espontânea. Este último artigo que eu escrevi sobre a Radiobrás, por exemplo, suscitou uma intervenção que me apóia por razões que eu não defendo no artigo, ao contrário, combato. E as intervenções, contra ou a favor, não se detém nos pontos que eu pensei que havia ressaltado no artigo: o fato de a Radiobrás não ter conseguido contrapor à narrativa de má qualidade da grande imprensa uma narrativa própria, calcada em investigação independente e de qualidade dos fatos da crise. Um dos leitores diz que eu quero recriar a DIP. Vejam só. É como se estivesse falando grego. A DIP era um instrumento de controle da imprensa, de um regime ditatorial, e seu principal instrumento era a censura.

Nada no meu texto, na minha história de vida e na natureza do regime político brasileiro permite essa interpretação. Mas o leitor acredita sinceramente que eu proponho a recriação do DIP. Como eu considero que um dos atributos do meu texto é a clareza, devo pensar que o problema não está no texto, está na sua decodificação. Não mais compartilhamos a mesma matriz lingüística: cada um codifica e decodifica a seu modo. O mesmo signo tem significados diferentes. Já não temos uma língua.Temos falas. Podem ser até falas escritas, mas operam como falas individuais e não uma língua, na qual os significados são compartilhados. Acontece que nem os fatos mais elementares falam por si mesmos; precisam ser narrados, interpretados, explicados e discutidos. E as idéias, então? As idéias são nebulosas se não são enunciadas através de uma língua, dizia o fundador da ciência da linguagem, Ferdinand Saussure. É o que parece estar acontecendo conosco. As palavras já não demarcam de modo unívoco, porque para uns significam uma coisa e para outros o seu contrário.

Não há mais diálogo. Cada um de nós é hoje o enunciador de um monólogo. Rompeu-se o pacto dos brasileiros em torno de sua língua-mãe. Ou, o que pode ser ainda pior: a língua está sendo usada para excluir, para separar, mesmo porque língua é uma prática social dinâmica e não um sistema estático de signos que expressam significados imutáveis. Por exemplo, no debate econômico pela mídia, se você não adere ao discurso do mercado, você está falando sozinho.
Pode ser que isso tudo faça parte de um processo mais geral de separação, de fragmentação, de individualização dos interesses, ao invés de sua socialização ou pactuação. É a mesma fragmentação que caracteriza a atuação das ONGs, cada qual defendendo a preservação do seu pedaço de mata atlântica. Uma espécie de autismo, que ignora o interesse público mais geral.

Será que isso tem a ver com o esvaziamento ideológico típico da pós-modernidade, na qual já não há significados dominantes? Tem a ver, por exemplo, com a queda do muro de Berlim? Ou tem mais a ver com fatores contingentes, como a vitória de Lula, não uma, mas duas vezes? Na segunda vez, a quase totalidade dos colunistas brasileiros descolou-se dos ideais do povo e passou a falar para si mesmos, manejando a língua não para se comunicar, e sim para se afastar dos seus leitores. Isso os levou à crise. E não venham me dizer que eu estou querendo controlar a mídia.

Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é editor-associado da Carta Maior. É autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

Arqueologia do Futuro

Arqueologia do Futuro
AO ARQUEÓLOGO DO FUTURO

O que será que será? Adivinhas do tempo

E o homem sucumbiu às determinações econômicas que aceleravam o tempo através dos mecanismos de mercado que prometia felicidade pelo consumo, mas frustrava a promessa produzindo a escassez para mantê-lo em funcionamento.

Olgária C. F. Matos

Caro Arqueólogo do Futuro,

Entre os séculos XIX e XXI não se acreditava mais em Deus. A emancipação do homem seria obra sua. E Victor Hugo, em Os Miseráveis, sob o império do otimismo científico, dava a palavra ao estudante Enjolras: “Cidadãos, o século XIX é grande, mas o século XX será feliz”. Falava-se no término da sociedade organizada em condições dolorosas de trabalho e, com suas tecnologias, estava apta a passar “do socialismo científico ao socialismo utópico”. Porém, os resultados anti-humanos da tecnologia - as catástrofes da energia nuclear civil, a indústria bélica, a exploração produtivista da natureza, a escassez de recursos morais para “fazer dela o seu “órgão” - bem como a decepção diante dos gigantescos desenvolvimentos da técnica não convirem ao aprofundamento das democracias políticas - questionaram a fé no progresso. Mas a ele sucedeu a crença no destino - o fetichismo econômico. Com o que essa época diluiu a questão existencial e metafísica das incertezas da vida e da história pelo elogio da insegurança e do medo. Muitos consideravam a crise do futuro e sua heurística da desesperança.
O “mercado” passou a determinar todas as esferas da vida. Sociólogos, antropólogos, comunicadores faziam suas contas: em alguns países, era preciso mais tempo de trabalho do que em outros para adquirir o mesmo bem - o que permitia conhecer a geografia das riquezas e da miséria dos povos. Em 2006, por exemplo, um habitante de Nairobi precisava de 193 minutos de trabalho para consumir um hambúrguer Big Mac, 117 em Caracas, apenas 9 para um habitante de Chicago ou de Tóquio, 21 em Bruxelas ou Paris. Procuravam a “precisão” em cifras e números, estatísticas e gráficos; calculava-se tudo - o que resultava, freqüentemente, em aberrações. Assim, se em um determinado período o crescimento demográfico registrava um decréscimo do número de nascimentos, dizia-se que as mulheres tinham 4,3 filhos em média.
Eram os anos 2000. As determinações econômicas aceleravam o tempo através dos mecanismos de mercado. Fascinados, dirigentes empresariais buscavam o lucro a curto prazo, tinham obsessão pela performance e pelo desempenho produtivo anfetamínico; este levava os capitais ao deslocamento ininterrupto, de bolsa de valores em bolsa de valores, de país em país, onde permaneciam por prazos cada vez mais curtos. O novo espírito do capitalismo era o do “excesso”: falta de trabalho e desemprego, para muitos; transbordamento de tarefas, para outros. Por volta dos anos 1980, quando se falava em tempo de trabalho, diversamente dos anos 2000, era para reduzir suas horas semanais, na seqüência de lutas históricas dos trabalhadores do mundo todo para conquistar tempo livre. No século XIX, quando a ocupação nas cidades chegou a 16 horas diárias, seu aumento tanto absoluto quanto relativo era uma espécie de tortura: “durante um longo período as pessoas tentaram uma resistência desesperada contra o trabalho noturno ligado à industrialização. Trabalhar antes do amanhecer ou depois do pôr-do-sol era considerado imoral”, observava Robert Kurz. À maneira dos mercados financeiros o homem não devia dormir nunca.
Predominava o sentimento de não mais se ter tempo - percepção paradoxalmente também encontrada entre os desempregados. Na década de 1990, desaparecia a discussão pública sobre a redução das horas de trabalho e ingressava o aumento dos anos de trabalho ao longo da vida. A lógica contábil alegada nessa ocasião era a estabilidade atuarial da previdência social e eliminou completamente a questão de que, com os ganhos de produtividade pela automação e informatização, se o trabalhador fazia em uma hora o que antes fazia em duas, não precisava continuar a trabalhar duas. Ao que parece, a derrota mundial das esquerdas com a queda das ditaduras comunistas facilitou o esquecimento da questão.
A atividade sem trégua do modo de produção capitalista tornou-a desmedida, não tolerando o tempo livre, sequer o noturno de repouso, passividade ou contemplação. A economia exigiu a extensão e a intensificação da atividade até os últimos limites físicos e biológicos dos indivíduos. Prometia felicidade pelo consumo de bens materiais, mas frustrava a promessa porque produzia artificialmente a escassez para manter o mercado em funcionamento.
A temporalidade era patológica e se exprimia na ansiedade de “matar o tempo”, porque ele esvaziava-se de significado e instituiu-se o stress como ideal. Esse tempo era também o da exaustão. Diferia a exaustão do cansaço. Se neste os indivíduos ainda eram capazes de pensamento e imaginação, na exaustão não havia possibilidade de pensar, apenas hiperatividade vazia e, com freqüência, destrutiva. Abulia e sofreguidão, embora aparentemente diversos, implicavam, ambas, a “reificação de si”, a percepção de si como vida sem valor. Não se podia deliberar acerca do trabalho ou dos usos que se poderia fazer do tempo, as pessoas eram mais agidas que agentes: “a atividade tornara-se uma variante da passividade e mesmo onde as pessoas se cansam até o limite (...); ela tomou a forma de uma atividade - mas para nada - isto é, uma inatividade”, anotava Gunther Anders.
O tempo era monótono e preenchido por esportes radicais, obesidade mórbida, anorexias, bulimia, terrorismos e guerras. Essa “agitação permanente” era a expressão do desencantamento psíquico e da cultura, da perda de significado da vida - de onde a “desvalorização de todos os valores”, a incapacidade de criar ou reconhecer valores.
No século XX, nada era realmente proibido e, no entanto, nada era realmente possível porque não havia laços estáveis em nada e a monotonia era tanto mais terrível quanto menos se vislumbrava um futuro. Vivia-se pressionado por “urgências”. Por isso, um filósofo escrevera que “as rugas em nosso rosto são as assinaturas das grandes paixões que nos estavam destinadas, mas nós, os senhores, não estávamos em casa”. É claro que ninguém estava obrigado a viver dessa maneira, mas as pessoas se habituaram a obedecer sem mesmo ser necessário obrigá-las.
Mas, caro Arqueólogo do Futuro, houve momentos disruptivos que prenunciavam o porvir. O ano de 1968 parisiense cunhou a divisa: “não mude de emprego, mude o emprego de sua vida”. E ainda: “vivre sans temps morts, jouir sans entraves” (viver sem horas mortas, fruir sem entraves). Em 2006, novamente, jovens franceses - que haviam descoberto sua força social, intelectual e política recusavam uma lei considerada humilhante sobre como conseguir um “primeiro emprego”. Desfilaram, aos milhares, com toda a população da cidade, partindo da Praça da Bastilha - onde começara a Revolução Francesa em 1789 - e dirigiram-se a Montmartre, onde hoje se encontra o Sacre Coeur. Aí foram fuzilados os communards e as esperanças revolucionárias em 1871. Lá os estudantes ergueram a faixa com a inscrição: “1789-2006”. Essa lei, caso tivesse sido aprovada, enterrava, definitivamente, a República Francesa, sua paixão pela igualdade, pela liberdade, a douceur de vivre e o sentido do bem comum.
Os jovens preferiram um princípio estético em vez do pragmatismo e da adaptação às condições impostas pelo mercado mundial. Recusaram o destino. Recusaram o realismo político e seu gosto pelo status quo. Contra o princípio do desempenho, preferiam o literário. Diziam: “chega de atos, queremos palavras”. Por seu irrealismo, jovens estudantes promoveram a crítica radical do presente, quando se perdia o tempo e a vida. A imaginação foi, nesse anos - 1871, 1968, 2006 - a verdadeira força produtiva, desalienou o tempo e reabriu o futuro.
Transformação radical, a “revolução” dos jovens estudantes reuniu poesia e revolução e, nesse tempo, a “ação foi irmã do sonho”.
__________________
(*) Olgária Matos é professora de Filosofia Política do Departamento de Filosofia da FFLCH-USP e autora, entre outros, de Os Arcanos do Inteiramente, Outro, ­ A Escola de Frankfurt, a Melancolia, a Revolução

Entrevista com Gay Talese

Um dos criadores do Novo Jornalismo nos Estados Unidos.
Folha de S. Paulo


Folha - Seu livro sobre o "New York Times" aborda amplamente a relação entre mídia e poder. Como o senhor vê a relação do jornal com o governo desde o 11 de Setembro?

Gay Talese - A cobertura da guerra e do período que a antecedeu no "Times" é tão enganosa quanto o governo de que ela trata. O incidente Judith Miller é embaraçoso por reafirmar que repórteres em Washington às vezes ficam próximos demais do poder. O "Times" e outros grandes jornais freqüentemente enamoram-se de seu acesso ao poder e, sem sentir, viram apologistas dos órgãos do governo. Os editores buscaram se dissociar do que, inadvertidamente ou preconceituosamente, Miller escreveu, tornando-se porta-voz de neoconservadores ansiosos para invadir o Iraque.

Mas ela não publicou seus artigos, só os escreveu. A culpa deve ir para o alto, inclusive para o próprio [Arthur] Sulzberger, publisher e dono do jornal. Fizeram de Miller um símbolo, mas há muitos outros que poderiam ter servido como estratégia do "Times" para sair do dilema de estar lado a lado com o governo, com a gangue de Bush. O "Times" ama o poder e tem muitas coisas que podem ser usadas pelo governo, muito mais do que gostaria de admitir.

Folha - Qual foi o maior pecado do jornal?
Talese - Há alguns meses, participei de um debate com Sulzberger e disse a ele que o jornal cometeu um erro ao permitir que seus repórteres ficassem "embutidos" nas tropas americanas na invasão do Iraque. Quando se permite que jornalistas fiquem em tanques e tenham acesso a soldados, eles viram parte da missão. Ficam próximos demais dos que estão no Iraque para defender a política de Bush. E a informação que obtêm assim é irrelevante. O problema é estratégico: o "Times" deixou de ser objetivo por estar próximo demais do governo Bush.

Folha - O sr. diz que os erros do "Times" podem ter sido fruto de preconceito. De que tipo?
Talese - Após o 11 de Setembro, o país entrou num clima de vigilância, de vingança, para usar um termo da época, de "choque e horror". A política externa americana é influenciada pelos neoconservadores, não é segredo. Muitos jornalistas tinham acesso a eles porque compartilhavam as percepções da Casa Branca de Bush, delegando a si próprio a tarefa de apoiar a guerra, embora, como jornalistas, devessem se dissociar de qualquer coisa ligada à propaganda do governo. Mas isso é difícil para jornalistas que amam o poder. Eles gostam de ter "fontes", um termo ridículo. Estou feliz de ver que algumas das fontes estão sendo identificadas, embora ainda não na medida em que eu gostaria. Todas deveriam ser identificadas, pois informação obtida de fontes que não querem se identificar geralmente é fornecida para reforçar uma posição e minar outra. É simplesmente lixo. As pessoas não se rebelam. No jornalismo, jamais houve rebelião, no Congresso, também não.

Folha - O sr. faz parte de uma minoria: os jornalistas americanos em geral consideram sagrado o direito de não revelar suas fontes, não é?
Talese - Penso o contrário: as fontes devem ser expostas. No meu trabalho, sempre dei nome às fontes. E jamais aceitaria uma informação sob a condição de não dizer ao leitor quem é minha fonte. Alguns repórteres ficaram preguiçosos porque estão em Washington há tempos. Há repórteres demais em Washington. São como pássaros bicando a mesma informação. Comem, mastigam, cospem, engolem de novo.

Folha - O lema do "New York Times", considerado o melhor jornal do mundo, é: "All the news that's fit to print" (todas as notícias que cabem ser publicadas). Em quanto do que lê hoje no jornal o sr. crê?
Talese - Não acredito em nada do que vem de Washington. Acredito na seção de esportes, a única parte honesta, e nos resultados do futebol. Também se pode acreditar na programação da televisão e na previsão do tempo, mas nem sempre. Os jornais estão preocupados com a sua sobrevivência. E com razão, pois o produto que vendem é muito ruim. Se a família Sulzberger gerisse a GM ou a Sony, os conselhos de administração já teriam se livrado dela.

Folha - Isso é fruto de incompetência ou de uma agenda política?
Talese - O "Times" enamorou-se do poder. Os jornais sempre dizem que mantêm a publicidade separada da Redação, mas num país que tem um presidente poderosíssimo, como Bush, os publicitários acham que o que é bom para os negócios é bom para o governo e vice-versa. Há uma aliança. Quem escreve algo antipatriótico fica em desvantagem.

Folha - A caça às bruxas está de volta aos EUA?
Talese - Hoje em dia, há uma certa caça às bruxas no país sobre ser desleal. Então, o que os americanos fazem? Colam adesivos nos carros de apoio às nossas tropas. Mas a maioria dos americanos não é afetada pela guerra. Quem é afetado são jovens que não têm dinheiro para ir à faculdade. Alistam-se no Exército porque as oportunidades econômicas são miseráveis. Poucos no poder têm filhos no Exército. Ao menos no Vietnã havia filhos de gente poderosa, de senadores, de reitores de universidades. Eles estavam lá porque havia o alistamento obrigatório. Os protestos contra a guerra eram liderados por estudantes que não queriam ir para o front. Mas eles também tinham parentes com poder. Hoje quem está no Exército são os desafortunados, os devedores. Gente que se alistou na Guarda Nacional porque ganhava US$ 200 (cerca de R$ 460) por mês e precisava de um complemento no orçamento. São todos voluntários. Eu sou a favor do alistamento obrigatório.
As pessoas continuam morrendo, mas a maioria dos americanos não é afetada, pois os "grandes" estão ganhando, faturando. Não sei quanto isso vai durar, mas as pessoas não estão se rebelando. No jornalismo, jamais houve rebelião, no Congresso, também não. Hillary Clinton e os democratas jamais protestaram contra essa guerra. Eles temem ser rotulados de antiamericanos, antipatriotas.
Nossa nação se tornou vítima de sua própria propaganda. Não há dissensão. Nós nos tornamos vítimas de uma farsa, de um governo que enganou o povo e a imprensa sobre as armas de destruição em massa no Iraque e a ligação entre Saddam Hussein e a Al Qaeda. Mas os jornalistas e donos dos veículos de mídia que se importam com a verdade deveriam ter checado, não poderiam ter acreditado nas mentiras do governo Bush.

Folha - Agora eles estão bem mais desconfiados, não é?
Talese - Mas quem se importa agora? Deveriam ter checado as informações três anos atrás. Agora há todos esses mortos e feridos. Se tivesse havido alguma reportagem investigativa na época, se os jornais não tivessem permitido que a propaganda do governo fosse tão eficaz, talvez as coisas tivessem sido diferentes. O problema real é que o jornalismo fracassou. O governo mentiu e fracassou. É uma mancha para a história do jornalismo.

Folha - Há hoje nos EUA algum foco de dissensão?
Talese - Não. Não há voz que possa competir com a Casa Branca de Bush. Eles têm [a secretária de Estado] Condoleezza Rice. Ninguém grita mais alto do que essa mulher. Ninguém é melhor na televisão do que [o secretário da Defesa, Donald] Rumsfeld. Ele devora qualquer jornalista. [O vice-presidente Dick] Cheney também. Não há ninguém forte o suficiente para fazer frente a eles. Essas pessoas sabem como usar a palavra. Eles seqüestraram a palavra. Seu uso da linguagem é tão eficiente que dão a impressão de que a guerra é justificada.

Folha - Como isso funciona?
Talese - É como a grande igreja medieval, que intimidava os dirigentes seculares da Europa. Os grandes papas tinham um jeito de tornar sua mensagem tão profunda e sagaz que qualquer um que discordasse era infiel, era o demônio. Era o bem contra o mal, exatamente como temos hoje nos EUA, com mocinhos e bandidos. Isso é cômico, é como uma criança lendo história em quadrinhos: o mocinho de chapéu branco e o bandido de chapéu preto. Sua mensagem é clara e simples e por isso sempre prevalece.

Folha - O sr. diz que não há oposição hoje nos EUA. Por quê?
Talese - Temos uma Presidência imperial, que cooptou a linguagem e o conceito de patriotismo de tal maneira que uma das únicas pessoas que representam a tradição de justiça e liberdade de pensamento dos EUA, Ramsey Clark [ex-secretário de Justiça dos EUA], é vilificado por defender Saddam Hussein em seu julgamento. Não estamos dando um julgamento justo a ninguém. É uma piada.

Folha - A oposição doméstica é fraca, mas a internacional persiste. Isso não tem influência?
Talese - Essa oposição também foi minimizada, silenciada, trivializada. Como disse Rumsfeld, é a "velha Europa". O único país que faz frente aos EUA é a China, que também começa a ser vilificada.

Folha - Por que a qualidade da imprensa caiu nos EUA?
Talese - Os jornalistas hoje têm muito mais estudo. Sua educação é melhor, freqüentam as melhores faculdades. Isso os fez ficar mais parecidos com as pessoas que estão no poder. Quando eu era jovem, era diferente. Todas as pessoas com as quais eu trabalhei quando comecei no "New York Times" eram das camadas mais baixas. Não vínhamos das escolas de elite, éramos "outsiders", víamos o mundo com ceticismo.

Folha - O sr. ainda se considera um "outsider"?
Talese - Sim. Eu jamais seria um "embutido".

O Cotidiano

“O cotidiano. Não é apenas monotonia, futilidade, repetição, mediocridade; é também beleza; por exemplo, o sortilégio das atmosferas; cada um conhece a partir de própria vida: uma música que ouvimos docemente vinda do apartamento vizinho; o vento que faz sacudir uma janela; a voz monótona de um professor que uma aluna, em pleno devaneio amoroso, ouve se escutar; essas circunstâncias fúteis imprimem uma marca de inimitável singularidade a um acontecimento íntimo que desse modo se torna marcante e inesquecível".(Milan Kundera - A cortina. São Paulo: Companhia das Letras, p. 26,2006.).

Cronicamente viável - Brasília

Crônica e Jornalismo

Dando seqüência ao programa Cronicamente Viável, do CCBB,
o jornalista e escritor Nirlando Beirão e o professor, jornalista e escritor Wellington Pereira fizeram, a partir da crônica, uma análise da imprensa no Brasil.

No dia 03 de outubro, às 19h30, o programa Cronicamente Viável, do Centro Cultutral Banco do Brasil, recebeu o jornalista e escritor Nirlando Beirão e o escritor, jornalista e professor Wellington Pereira para discutir o tema Crônica e Jornalismo: Uma Reflexão sobre a Imprensa no Brasil. A mediadora do debate foi a escritora, jornalista e editora do cadeno de Cultura do Correio Braziliense Clara Arreguy.

Entre os temas discutidos durante o encontro: a autonomia estética da crônica no jornalismo; a crônica machadiana e a crônica drummondiana; crônica e oornalismo literário; o new jornalism e a imprensa hoje.

Os palestrantes:

Wellington Pereira é doutor em Sociologia pela Sorbone, jornalista, escritor e professor do curso de jornalismo da Universidade Federal da Paraíba, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano do Jornalismo. É autor do livro Crônica: A Arte do Útil e do Fútil -- Ensaio sobre a Crônica no Jornalismo Impresso, da Editora Calandra, de Salvador.

Nirlando Beirão é jornalista e escritor. Foi editor de Veja; editor de Cultura e correspondente da IstoÉ, em Nova York. Trabalhou também nas redações de O Estado de S. Paulo, revistas Senhor, Playboy e Caras. Atualmente é editor da coluna Estilo, da revista semanal Carta Capital. Entre seus livros está Corinthians: É Preto no Branco, escrito em parceria com o publicitário Washington Olivetto.

Grupecj na imprensa

Livro analisa a cultura nos jornais pessoenses

Juneldo Moraes

O livro Epistemologias do Caderno B (Manufatura, 179 páginas, R$ 20), organizado por Wellington Pereira, que reúne nove ensaios sobre a construção das formas narrativas no jornalismo cultural em João Pessoa, será lançado nesta quarta-feira, às 19h30, no Parahyba Café, na capital. A coletânea preenche uma lacuna sobre a análise da produção jornalística do Estado, especificamente na área de cultura.

Fruto dos estudos do Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj), Epistemologias do Caderno B traz análises das relações entre os gêneros jornalísticos e a produção cultural difundida nos cadernos de cutura de três jornais impressos da capital paraibana. Para isso os pesquisadores estudaram reportagens e artigos publicados em maio do ano passado.

O Grupecj, coordenado por Wellington Pereira, professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com esse livro, mostra a tradição da pesquisa em jornalismo no Brasil e presta uma homenagem a Luiz Beltrão e José Marques de Melo. Este é o terceiro livro do grupo, que já havia publicado Leituras do Cotidiano (2002) e O Trabalho de Sísifo (2004). Com a conclusão desta etapa, o grupo deve começar a pesquisar os cadernos de Cidades.

Fonte: Jornal da Paraíba, 10/10/2006.
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Grupo de estudos da UFPB lança livro sobre Jornalismo Cultural

"Epistemologias do Caderno B" é o título do livro que será lançado nesta quarta-feira, 11, às 19h30, no Parayba Café. Trata-se de uma coletânea de ensaios dos integrantes do Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj) do Departamento de Comunicação e Turismo (DecomTur) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob a organização do professor Wellington Pereira.

O livro reúne uma análise das relações entre os gêneros jornalísticos e a produção cultural difundida nos Cadernos B – cadernos que abordam assuntos culturais – dos jornais impressos de João Pessoa.

Segundo o organizador “este livro se configura como uma epistemologia - ou teoria do conhecimento - da produção de gêneros no jornalismo cultural, demonstrando como estas narrativas buscam representar os paradigmas culturais da pós-modernidade”.

Este é o terceiro livro do grupo, que, a partir de uma coletânea de ensaios, procura incentivar e promover o debate em torno da construção das formas narrativas no Jornalismo Cultural. Com este trabalho o Grupecj pretende mostrar a tradição da pesquisa em Jornalismo no Brasil e prestar uma homenagem aos seus precursores: Luiz Beltrão e José Marques de Melo.Criado pelo professor do curso de Jornalismo, Welington Pereira, o Grupecj vem desenvolvendo pesquisas sobre o cotidiano e o jornalismo, desde março de 2002.

Fonte: Portal Paraíba Notícias.
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Artigo de Lúcio Vilar sobre o Grupecj

Lúcio Vilar
Epistemologias do Caderno B

Como sabemos, a produção acadêmica de um professor universitário não se mede pelo volume de sua carga horária em sala de aula. A valorização do docente passa, cada vez mais, e necessariamente, pela sua capacidade de articulação entre pesquisa e extensão, sendo esta a particularidade do colega Wellintton Pereira (prof. dr. do Decom-UFPB), que organizou a coletânea de textos sobre jornalismo cultural, cujo título tomei emprestado para nomear a coluna desta quarta-feira.

O livro (Ed. Manufatura, 179 páginas), será lançado hoje, às 20h00, no Parayba Café, com apresentação das professoras doutoras Olga Tavares e Sandra Moura. Trata-se de uma produção do Grupecj - Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo - e reúne artigos de Ana Carolina Porto, Daniel Abaht, Isabella Araújo, Maria Carolina Costa Madeira,, Suéllen Rodrigues Ramos da Silva, Viviane Marques, Rossana Gaia (professora doutora do CEFET-AL), Norma Maria Macedo (professora substituta do Decom) e Adriana Crisanto (repórter de Cultura de "O Norte").

Na orelha da obra, está revelado o foco da investigação através dos textos publicados: as impressões dos alunos-pesquisadores do Grupecj sobre os gêneros jornalísticos nos Cadernos B da imprensa pessoense, além de homenagem aos pioneiros das pesquisas em comunicação no Brasil: Luiz Beltrão e Marques de Melo.

Logo, trata-se de leitura obrigatória para coleguinhas do batente, especialmente para quem se debruça cotidianamente sobre o chamado jornalismo cultural, sejam editores e repórteres. E razões para isso é o que não faltam.

As práticas jornalísticas de nossos quatro diários são postas em debate, em cruzamento metológico inspirado na Sociologia Compreensiva e da Fenomenologia aplicadas ao segmento para checar que gêneros narrativos predominam, cotidianamente, nos "cadernos B" da Paraíba.
É fato que as muitas atribuições do dia-a-dia nas redações impedem e/ou desestimulam a busca pela reciclagem, quando não inibe o próprio exercício da leitura, tal é o volume de trabalho (pautas diárias, especiais, assessorias, etc.). O risco é de, ao não confrontar as práticas cotidianas com reflexões sobre o próprio trabalho executado, se cair num automatismo estéril e alienante, onde se perde parâmetros mínimos de avaliação da qualidade do jornalismo produzido.

Eis uma boa pedida para fugir desse risco e pensar um pouco mais no que cada um vem fazendo em seus respectivos cadernos, inclusive este colunista, que também foi alvo das investigações empreendidas. Sem falar no estímulo que é, para todos nós, encararmos artigos de alunos de graduação, bem escritos, provocativos e balizados por rigor metodológico devidamente fundamentado, sem necessariamente serem chatos ou enfadonhos.

Fonte: Jornal Correio da Paraíba.
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Grupo de estudos da UFPB lança livro sobre Jornalismo Cultural

“Epistemologias do Caderno B” é o título do livro que será lançado nesta quarta-feira, dia 11, às 19h30, no Parayba Café. Trata-se de uma coletânea de ensaios dos integrantes do Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo (Grupecj) do Departamento de Comunicação e Turismo (DecomTur) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob a organização do professor Wellington Pereira.

O livro reúne uma análise das relações entre os gêneros jornalísticos e a produção cultural difundida nos Cadernos B – cadernos que abordam assuntos culturais – dos jornais impressos de João Pessoa.
S
egundo o organizador “este livro se configura como uma epistemologia - ou teoria do conhecimento - da produção de gêneros no jornalismo cultural, demonstrando como estas narrativas buscam representar os paradigmas culturais da pós-modernidade”.Este é o terceiro livro do grupo, que, a partir de uma coletânea de ensaios, procura incentivar e promover o debate em torno da construção das formas narrativas no Jornalismo Cultural.

Com este trabalho o Grupecj pretende mostrar a tradição da pesquisa em Jornalismo no Brasil e prestar uma homenagem aos seus precursores: Luiz Beltrão e José Marques de Melo. Criado pelo professor do curso de Jornalismo, Welington Pereira, o Grupecj vem desenvolvendo pesquisas sobre o cotidiano e o jornalismo, desde março de 2002.

Fonte: As informações são da Assessoria de Imprensa da UFPB.

Pesquisas do Grupecj em desenvolvimento

Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Coordenação Geral de Pesquisa, Ciência, Tecnologia e Inovação
Título do Projeto de Pesquisa (Orientador):
A Vitrine de Papel
Título do Plano de Trabalho (Aluno):

Suéllen Rodrigues Ramos da Silva - O cotidiano de João Pessoa no Correio das Artes (Edições do primeiro semestre de 1980)

Daniel Neves Abath Luna - O cotidiano de João Pessoa no Correio das Artes
(Edições do segundo semestre de 1980)

Número de Ordem do Conjunto Projeto/Plano de Trabalho (de 1 a 5):
1. Suéllen Rodrigues Ramos da Silva
2. Daniel Neves Abath Luna
Grupo de Pesquisa Cadastrado no CNPq: GRUPECJ – Grupo de Pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo
Orientador: Prof. Dr. Wellington José de Oliveira Pereira
Departamento/Centro: Decom – Departamento de Comunicação e Turismo/ CCHLA
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Credenciado pela CAPES:
Programa de Pós-Graduação em Sociologia PPGS / João Pessoa – Campus I
Área de Concentração do Programa de Pós-Graduação: Sociologia da Cultura
Linha de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação: Sociologia do Cotidiano

João Pessoa/2006

1. Introdução e Fundamentação Teórica:


A pesquisa sobre o Cotidiano e o Jornalismo, desenvolvida pelo GRUPECJ - Grupo de estudos sobre o Cotidiano e o Jornalismo, no Departamento de Comunicação Social da UFPB, Campus I, prossegue buscando neste novo projeto estudar a representação da cidade de João Pessoa nos textos literários e ensaísticos publicados no suplemento cultural Correio das Artes, do jornal A União, durante os anos 80.

No plano teórico, vamos verificar como os poetas, contistas e ensaístas contribuem para a formação de conceitos estéticos e filosóficos sobre a cidade de João Pessoa. Ao contrário da linguagem referencial do jornalismo informativo, as linguagens estéticas – literárias - podem estabelecer modelos, não um “modus” analítico para compreensão do cotidiano pessoense através da utilização das linguagens para legitimar o significante ‘cidade’ através do nome João Pessoa.

O conceito da cidade de João Pessoa, produzido a partir de vários gêneros literários (poemas, crônicas, contos, etc.), nos ajudará a perceber a construção de “formas sociais” que demonstram como os escritores nomeiam os espaços urbanos da capital paraibana.

A polissemia da linguagem dos diversos gêneros narrativos difusos no suplemento literário nos dá a possibilidade de verificar que o nível referencial do discurso “midiático” se esgota, enquanto proposição jornalística, nas técnicas utilizadas para a construção de “eventos informativos”. Por isso, se faz premente, estudar como a produção artística no suplemento Correio das Artes recria o significado da cidade de João Pessoa.

No tocante aos estudos sobre as relações entre Jornalismo e Cotidiano, nossa base epistemológica será a Sociologia da Vida Cotidiana, como Maffesoli, dialogando, sobretudo, com autores da Sociologia do Jornalismo, como Gabriel Cohn, e os clássicos da sociologia:

Simmel e Schütz. Evidentemente, trabalharemos com a demonstração de como o discurso cria uma forma cotidiana e como o jornal impresso apresenta esta forma do ponto de vista da linguagem. Para tanto se faz necessário analisar, em primeiro momento, as características das linguagens no jornalismo (vide bibliografia).

2 Justificativa ( X ) Novo Projeto

A importância deste projeto de pesquisa se dá na configuração de um campo de estudos sobre o cotidiano e o jornalismo. O estudo e análise dos processos de Comunicação Social na sociedade contemporânea têm concentrado esforços na tentativa de compreensão de fenômenos sociais que ultrapassam perspectivas meramente ideológicas.

Nesse sentido, a interpretação dos fatos deve contemplar um conjunto de teorias que possam ultrapassar os princípios de carência, de definição dos papéis sociais e da produção estética. A análise do cotidiano é um dos exercícios de compreensão que exige uma das ferramentas “caras” ao pesquisador em ciências sociais: a sensibilidade. Portanto, se faz necessário o estudo das práticas cotidianas com uma preocupação interdisciplinar, na qual figuras de linguagem e conceitos sociológicos não estejam em campos semânticos opostos impedindo o entendimento da complexidade dos fatos sociais.

Uma das formas de construção e representação do discurso criado pelos atores sociais no cotidiano é a produção de informação estética, bem identificada no campo artístico-cultural. Por isso, o nosso projeto ratifica a importância nos Cursos de Comunicação para a compreensão de uma “estética do cotidiano” disseminada na produção literária.

O estudo do cotidiano através da prosa e da poesia dos atores sociais, pertencentes a uma determinada comunidade, é de suma importância para verificar como o significado dos gêneros narrativos supera e reafirma a manutenção de arquétipos sobre os espaços sociais.

Um dos fatores de suma importância neste projeto de pesquisa é a revigoração do ensino de jornalismo, no que diz respeito à pesquisa de sua linguagem e no tocante à análise de imaginários estético-sociais produzidos pelos jornais que influenciam na mobilização dos cidadãos.

O nosso projeto de pesquisa se faz importante à medida que buscamos aproximar, pedagogicamente, campos semânticos complexos como: o jornalismo cultural, a literatura e o cotidiano, diminuindo as distâncias entre as narrativas literárias e as formas sociais.
Nesse sentido se faz premente a renovação das bolsas dos pesquisadores Suéllen Rodrigues Ramos da Silva e Daniel Neves Abath Luna.

3. Objetivos

Objetivo Geral: Estudar a construção da imagem da cidade de João Pessoa, através dos textos literários (contos, poemas, crônicas), veiculados no suplemento cultural Correio das Artes.

Objetivos Específicos

1- Estudar como, através da produção cultural, se constrói uma representação do cotidiano da cidade de João Pessoa;
2- Analisar, nos gêneros literários, a personificação da cidade de João Pessoa como um personagem corrente em narrativas do jornalismo cultural, através do suplemento literário Correio das Artes.

4. Metodologia

Para a realização desta pesquisa, propomos uma análise crítica a partir dos princípios metodológicos da Sociologia da Vida Cotidiana. Como base teórica, adotaremos os textos de Simmel, Michel Maffesoli, Bourdieu, no campo sociológico, assim como no campo da análise do discurso, Pêcheux, Eni Orlandi, Maigneau e Michel Foucault.

As análises devem seguir os princípios de uma Sociologia Compreensiva, da Teoria do Jornalismo, e dos estudos inerentes ao discurso do jornal. Os métodos devem ser organizados, se considerado as características de abordagem e apresentação da cultura no que trata de temas ligados à vida cotidiana da cidade de João Pessoa.

As ferramentas metodológicas terão como base as formações discursivas que representam a cidade de João Pessoa através dos gêneros literários publicados no suplemento Correio das Artes na década de 80. Nesse sentido, utilizaremos como metodologia a análise do discurso, verificando, num primeiro momento, como aparecem nomes, conceitos ou idéias que perfazem o significado da cidade de João Pessoa.

Devemos considerar as etapas estabelecidas para análise do discurso: escolha e formulação das categorias narrativas, como as rubricas temáticas; sistematização destas categorias (poemas, contos, ensaios) em grupos por edição, verificando como estas categorias se relacionam do ponto de vista estético e como se diferem através da forma; demonstrar como o conjunto destas categorias cria um campo semântico (formas e conceitos) responsável pela identificação da cidade de João Pessoa através do jornalismo cultural.

Esses procedimentos de análise do discurso do suplemento literário Correio das Artes são importantes à medida que passamos a considerar o jornal como um sujeito semiótico, reforçando o nosso objetivo em analisar a produção literária que procura, em sentido estético, o significado de cidade, a partir do nome da capital paraibana, sem fazer um juízo de valor da produção dos escritores paraibanos.

5. Etapas metodológicas:

a) leitura dos suplementos da década de 80, procurando verificar a relação entre os textos de natureza estética e o conceito que se estabelece para definir a cidade de João Pessoa;
b) a verificação do nosso objeto de pesquisa tem como método a análise de conteúdo, procurando entender a sistematização de conceitos, através da descrição objetiva do conteúdo manifesto do texto jornalístico;
c) no caso especifico do suplemento Correio das Artes, procuraremos estabelecer uma diferença entre os gêneros : resenha, artigos, ensaios, crônicas, poemas, contos (através da classificação e comparação entre os gêneros jornalísticos e literários), para demonstrar como estas formas narrativas produzem conceitos.

6. Resultados Esperados e Metas do Projeto

Os resultados e metas a serem alcançados com a conclusão deste projeto podem ser divididos em quatro etapas:

1. Formação de novos pesquisadores na graduação em Jornalismo da UFPB;
2. Relação entre metodologias e procedimentos metodológicos que legitimem a área de pesquisa na graduação e pós-graduação a ser implantada no Departamento de Comunicação e Turismo da UFPB;

3. Verificação das seguintes hipóteses:

a) A produção cultural difundida no suplemento cultural Correio das Artes está dissociada do cotidiano da cidade de João Pessoa;
b) A produção literária – cultural - cuja difusão se verifica nas páginas do suplemento Correio das Artes, é capaz de produzir um conceito sociocultural da cidade de João Pessoa.

4. Publicação de um livro com a análise do material pesquisado.

7. Referências Bibliográficas:

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Paris: PUF, 1977.
BELTRÃO, Luiz. Iniciação à Filosofia do Jornalismo. São Paulo: Edusp, 1992.
BRANDÃO, Helena H. Nagamine - Introdução à análise do discurso.- Campinas, SP, Editora da Unicamp, 2002.
CONH, Gabriel. Sociologia da Comunicação – teoria e ideologia. São Paulo: Livraria Pioneira, 1973.
CONNOR, Steven - Cultura pós-moderna- introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo, Loyola, 1992.
FAIRCLOOUGH, Norman - Discurso e mudança social. Brasília: UNB, 2001.
FEATHERSTONE, Mike. O desmanche da cultura – globalização, pós-modernismo e identidade. São Paulo: Sesc/Studio Nobel, 1997.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a História. São Paulo: Paz e Terra, 1977.
KOCH, Ingedore Villaça - O texto e a construção do sentido. São Paulo: Contexto, 2001.
KUNCZIK, Michael. Conceitos de jornalismo – norte e sul. São Paulo: Edusp, 1997.
LAGE, Nilson - Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
LANDOWISKI, Eric - A sociedade refletida - São Paulo; Educ./Pontes, 1992.
LEFEBVRE, Henri. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.
LEITE, Lígia Chiappini Moraes - O foco narrativo. São Paulo: Ática, 1985.
MAFFESOLI, Michel. A contemplação do mundo. Porto Alegre: Sulina, 1995.
MAFFESOLI, Michel. Elogio da razão sensível. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
MAFFESOLI, Michel. No fundo das aparências. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
MAFFESOLI, Michel. O conhecimento comum. São Paulo: Brasiliense, 1985.
MARQUES DE MELLO, José. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
O´SULLIVAN, TIM- Conceitos-chave em estudos de comunicação e cultura, Piracicaba, SP, Unimep, 2001.
ORLANDI, Eni Pucccinelli- A linguagem e o seu funcionamento- as formas do discurso, Campinas, SP, Pontes, 2001.
PINTO, Milton José - Comunicação e discurso- São Paulo; Hacker, 2002.
PIZA, Daniel - Jornalismo cultural, São Paulo, Contexto, 2003.
PORTO, Sérgio Dayrell (org.) - O jornal- da forma ao sentido - Brasília: Paralelo 15, 1997.
POSSENTI, Sírio – Os limites do discurso- ensaios sobre discurso e sujeito - Curitiba, PR, Criar, 2002.
REBELO, José - O discurso do jornal - o como e o porquê - Lisboa, Editorial,2000.
RODRIGUES, Adriano Duarte. Comunicação e cultura – a experiência cultural na era da informação. Lisboa: Presença Editorial, 1993.
SANTAELLA, Lucia. Comunicação e pesquisa - São Paulo: Hacker Editores, 2001.
SCHOLLHAMMER, Karl Erik et alii - Literatura e mídia, Rio de janeiro, Edições PUC/ Loyola, 2002.
TRAVANCAS, Isabel Siqueira - O livro no jornal - os suplementos literários franceses brasileiros nos anos 90, São Paulo, Ateliê Editorial, 2001.
TRAVANCAS, Isabel Siqueira. O mundo dos jornalistas. São Paulo: Summus Editorial, 1993.

PLANO DE TRABALHO


1. Inserção do Plano de Trabalho no Projeto Principal

Plano de Trabalho executado pelo orientador junto aos Bolsistas:

Primeira Etapa: Realização do levantamento bibliográfico acerca do nosso objeto de estudo, para selecionar as obras que nortearão nosso trabalho.
Segunda Etapa: Nesta fase, com reuniões de 4h semanais, fomentaremos debates sobre as temáticas através de seminários que possam contribuir para a compreensão do objeto de estudo.
Terceira Etapa: Este mês será reservado para o aprofundamento dos conceitos trabalhados nos seminários. Em cada sessão, os bolsistas devem expor as dificuldades ou os caminhos metodológicos mais adequados para a compreensão das teorias sobre o objeto da pesquisa.
Quarta Etapa: Os meses serão reservados para: a) organização do material empírico; b) leitura dos jornais em análise; c) verificação da aplicação das teorias ao material empírico; d) discussão em grupo.
Quinta Etapa: O mês será reservado para a produção de ensaios preliminares.
Sexta Etapa: Análise das edições e verificação das hipóteses sobre os enunciados.
Sétima Etapa: Revisão do material analisado.
Oitava Etapa: Discussão e organização de ensaios para capítulos do livro a partir dos resultados da pesquisa.

2. Objetivos Específicos do Plano de Trabalho

Os objetivos dos planos de trabalho para cada bolsista podem ser divididos em três etapas considerando as especificidades dos períodos:

Suéllen Rodrigues Ramos da Silva:

1. Averiguação das hipóteses sugeridas pela pesquisa a partir dos textos referentes às edições do primeiro semestre de 1980;
2. Demonstração da construção de conceitos através da classificação e comparação entre as formas discursivas literárias e jornalísticas;
3. Verificação das possíveis alterações de percepções relativas à vida cotidiana da sociedade pessoense através da análise do material de pesquisa referente aos primeiros seis meses de 1980.*

Daniel Neves Abath Luna:

1. Verificação nos textos do suplemento referentes ao segundo semestre de 1980 das hipóteses sugeridas pela pesquisa;
2. Investigação, pelos gêneros literários, da personificação da cidade de João Pessoa como um personagem corrente em narrativas do jornalismo cultural, através do suplemento literário Correio das Artes.
3. Exame das possíveis alterações de percepções relativas à vida cotidiana da sociedade pessoense a partir da análise do material de pesquisa referente aos últimos seis meses de 1980.*

*Os Planos de Trabalhos são complementares, pois objetivamos realizar uma análise de todas as edições do ano de 1980, por isso realizamos esta divisão metodológica a fim de desenvolvermos um trabalho mais completo e aprofundado.

3. Plano de Atividades e Cronograma para Trabalho

Plano de Trabalho da aluna Suéllen Rodrigues Ramos da Silva:

Setembro de 2006: Realização do levantamento bibliográfico acerca do nosso objeto de estudo, para selecionar as obras que nortearão nosso trabalho.

Outubro de 2006: Nesta fase, com reuniões de 4h semanais, fomentaremos debates sobre as temáticas através de seminários que possam contribuir para a compreensão do objeto de estudo.

Novembro de 2006: Continuação dos seminários temáticos e debates nas reuniões semanais.

Dezembro de 2006: O aprofundamento dos conceitos trabalhados nos seminários. Em cada sessão, os bolsistas devem expor as dificuldades ou os caminhos metodológicos mais adequados para a compreensão das teorias sobre o objeto da pesquisa.

Janeiro de 2007: Continuação do trabalho de aprofundamento dos conceitos.

Fevereiro de 2007: Organização e leitura das edições do suplemento Correio das Artes referentes ao primeiro semestre de 1980.

Março de 2007: Verificação da aplicação das teorias ao material empírico e discussão em grupo.

Abril de 2007: O mês será reservado para a produção de ensaios preliminares.

Maio de 2007: Análise das edições referentes aos primeiros seis meses de 1980 e verificação das hipóteses sobre os enunciados.

Junho de 2007: Continuação da análise.

Julho de 2007: Revisão do material analisado.

Agosto de 2007: Discussão e organização de ensaios para capítulos do livro a partir dos resultados da pesquisa.

3. Plano de Atividades e Cronograma para Trabalho

Plano de Trabalho do aluno Daniel Neves Abath Luna:

Setembro de 2006: Realização do levantamento bibliográfico acerca do nosso objeto de estudo, para selecionar as obras que nortearão nosso trabalho.

Outubro de 2006: Nesta fase, com reuniões de 4h semanais, fomentaremos debates sobre as temáticas através de seminários que possam contribuir para a compreensão do objeto de estudo.

Novembro de 2006: Continuação dos seminários temáticos e debates nas reuniões semanais.

Dezembro de 2006: O aprofundamento dos conceitos trabalhados nos seminários. Em cada sessão, os bolsistas devem expor as dificuldades ou os caminhos metodológicos mais adequados para a compreensão das teorias sobre o objeto da pesquisa.

Janeiro de 2007: Continuação do trabalho de aprofundamento dos conceitos.

Fevereiro de 2007: Organização e leitura das edições do suplemento Correio das Artes referentes ao segundo semestre de 1980.

Março de 2007: Verificação da aplicação das teorias ao material empírico e discussão em grupo.

Abril de 2007: O mês será reservado para a produção de ensaios preliminares.

Maio de 2007: Análise das edições referentes aos últimos seis meses de 1980 e verificação das hipóteses sobre os enunciados.

Junho de 2007: Continuação da análise.

Julho de 2007: Revisão do material analisado.

Agosto de 2007: Discussão e organização de ensaios para capítulos do livro a partir dos resultados da pesquisa.

4. Resultados Esperados do Plano de Trabalho

O plano de trabalho deve resultar, em primeiro lugar, na solidificação de um projeto de pesquisa que possa unir a graduação e o programa de pós-graduação a ser implantado no Departamento de Comunicação Social e Turismo da UFPB. Em segundo lugar, o cumprimento do plano de atividade por parte dos bolsistas deve ser efetivado como uma produção acadêmica que demonstre, através de seminários internos e produção de textos, que o discente está apto a construir bases conceituais e epistemológicas para a pesquisa no campo do jornalismo através das formas discursivas presentes nas edições analisadas do suplemento cultural Correio das Artes.